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"É mais fácil suportar a morte sem pensar nela do que suportar o pensamento da morte sem morrer." (Blaise Pascal)

Posted by Augusto Simionato on 08:22 in , ,
Você já matou alguém?

Essa pergunta parece descabida, mas vamos ver qual vai ser sua resposta no fim deste post. Antes de qualquer coisa precisamos definir morte. Morte enquanto falência dos sentidos, todos tem medo da morte, isso é inerente ao homem, mesmo aqueles que dizem não ter medo de morrer, nos últimos suspiros traem suas convicções, Não por menos, o homem vem criando com o passar dos séculos formas de evitar a morte, através do discurso religioso que em muitos casos promete o paraíso, ou a reencarnação ou o que quer que seja. O que seria isso além de uma forma de tratar com certo eufemismo a morte? Uma forma de preservar os laços criados em vida?

Mas muito além do discurso, o homem cada vez mais cria formas mecânicas de olhar pra morte, transformando-a em mercadoria, afinal existe todo um mercado que vive em função disso, serviços funerários, belos caixões, cemitérios e toda a comodidade para que você despache com toda a “honra merecida” seu ente querido. Mas voltando ao real objetivo deste post, não tem sentido definirmos morte sem entender, o que é estar vivo?

Estar vivo é muito mais do que ter um quadro clinicamente satisfatório, estar vivo é construir e alimentar laços afetivos, é ter satisfeita as aspirações e expectativas no outro, o homem só encontra sentido pra si, alimentando dependências com outros, ou seja aquele homem da idade média que perdia uma guerra e vivia como prisioneiro do povo inimigo e que sabia que passaria o resto dos dias trabalhando como escravo ou que iria servir como diversão num coliseu, morre no momento em que é retirado do seu meio, afinal, está sendo tirado dele todos seus vínculos, sua família, sua terra, seus amores, portanto este é um homem morto, ainda que em vida.

Da mesma forma que aquele seu tio velinho, com aquela doença degenerativa que você tão bondosamente (ou seria hipocritamente) colocou-o num asilo com o discurso cristão de que lá é melhor pra ele, e que lá, ele terá melhores cuidados, (ou será que ele estando distante lhe poupe do incômodo de olhar pra ele e ver que você possivelmente vai chegar naquele estado também). Acontece que, ao “bondosamente” arranca-lo de tudo aquilo que construiu durante a vida, consequentemente está matando o coitado, não por menos muitos já ouviram histórias de pessoas que morrem pouco tem depois de se aposentar, ou casal de idosos onde um morre pouco tempo depois da morte do outro, são fatos que nos levam a crer que ao romperem-se os laços que davam sentido a vida dessas pessoas, esvai-se a razão de viver.

Sem grande esforço reflexivo podemos aplicar isso a várias situações diferentes, família, amores, enfim, agora repito minha modesta pergunta, você já matou alguém? Reflita.

Augusto

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